quarta-feira, 5 de maio de 2004

É TÃO LINDO O FUTEBOL!

Um coração azul e branco não descansou na noite do dia 3 para o dia 4. Já estava com todos os sentidos virados para a baía do Riazor, onde estaria presente para viver mais uma noite inesquecível. Sobressaltos a meio da noite e luta contra o sono eram o prenúncio da uma luta maior que se avizinhava.
Assim, cansado mas pujante de adrenalina, partiu com mais quatro doentes com a mesma maleita, juntando-se a uma enorme caravana travestida de roxo que cobriu as estradas entre duas cidades tão diferentes, mas ao mesmo tempo, tão iguais!
Chegados todos ao palco das emoções, houve ainda tempo para telefonar a mais um coração palpitante e ansioso, que aguardava desesperado pela notícia de mais um rectângulo mágico que lhe permitisse partir sozinho de casa e juntar-se à festa. Assim o milagre se operou e mais um doente se tornou feliz.
Aconchegados todos os estômagos, viveram-se momentos de rara beleza e de convívio entre corações azuis e brancos galaico-portugueses. As mesmas cores, quase a mesma língua. O mesmo objectivo partilhado e a certeza de que o vencedor teria pena do vencido, tal a comunhão e a amizade reinantes.
Com a chuva a intensificar-se, os últimos abraços trocados com os corações galegos e eis a Arena à vista! Entrando todos, logo se tornaram um só, em gritos espontâneos de amor, fé e dedicação inquebrantáveis. Logo ali, este coração sentiu que não ia perder. Como coração que é, falta-lhe razão. Sem razão, não há sentimento de derrota possível... E eis que começa a luta de titãs. 90 minutos se seguiram em que a síncope, alternada com a arritmia estiveram próximas. Penalty! Será possivel? 4 mil num frémito indescritível... Ele é o Ninja. O Nija não falha. O Ninja não nos ia fazer isso! GOOOOLLLLOOOOOOOO! E eis que o coração desta história foi pelos ares, esmagado e levantado pelos outros, num reboliço, numa revolução, num frenesim nunca antes sentido. É nossa, é nossa, ouvia-se gritar! A vitória ou a taça? Pouco importa. As duas certamente. Apito final. Lágrimas a querer correr, mas logo disfarçadas. Um abraço comungado.
Fora da arena, os bravos corações galaicos vieram dar um último abraço e um sentido incentivo para a Luta Final. O coração roxo trocou a sua pele por uma verde alternativa galega, que adorna agora a sua colecção. Um pouco de si ficou na Galiza.
Por fim, caravana memorável entre as duas Pátrias. Destino - Covil do Dragão. Os corações restantes continuaram a festa começada horas antes. Era justo partilhar os heróis com eles...
É TÁO BONITO O FUTEBOL!

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