quinta-feira, 21 de outubro de 2004

O algodão não engana...

Antes de mais, o meu agradecimento ao Dragão Luis M. pela preciosa colaboração para a elaboração deste post.

Os jornalistas portugueses, são como o algodão! Não enganam. Por algum motivo é que falamos de Avantes.
Vem isto a propósito da forma como ainda hoje se fala do pseudo-golo dos lampiões no Domingo. Pois bem, aqui cumpre-me esclarecer até que ponto vai a doença destes energúmenos com constante azia.
Exactamente no dia 2 de Abril de 2000, realizou-se a 6 jornadas do fim, um jogo Lampiões-Mágico Porto que culminou com com o resultado de 1-0.
Aos oito minutos de jogo, num canto superiormente marcado por Clayton, Bossio (esse maravilhoso monstro das balizas) socou a bola já dentro da linha de golo, que ainda embateu na trave e que no entanto não foi devidamente sancionado pelo árbitro, pelo que o resultado continuou 0-0.
Pois bem, nessa altura, o histerismo da imprensa foi a mesma.
Ora vejam bem a diferença:
"Benfica 1 - FC Porto 0
...
Claro que também neste jogo houve casos: o tipo de arbitragem praticado por Martins dos Santos foi em certos momentos penosa, deixando jogar quando eram cometidas faltas claríssimas. Quis o acaso que esta filosofia desse origem a um lance ilegal determinante no desfecho da partida: o golo do Benfica é antecedido de uma falta contra a equipa da casa.
Uma falta aparentemente inofensiva, vulgar até, aparentemente inconsequente. Esperemos apenas que não se venha a tornar motivo de polémica ao longo da semana.
Outra situação controversa aconteceu quando Clayton apontou um pontapé de canto: a bola estava dentro da baliza quando Bossio a tocou contra a barra. Espera-se que os responsáveis portistas não radicalizem a atitude que tomaram no fim do jogo, quando ignoraram toda a imprensa, e comecem agora a convocar conferências de imprensa para enxovalhar o árbitro auxiliar que não interpretou correctamente o lance.
Porque a questão é esta: quantas pessoas se aperceberam de que foi golo sem o recurso às tão famosas imagens virtuais?"

Estão esclarecidos? Calma que há mais!!!
Agora no Record. Esse arauto da verdade e da justiça. Imparcial, como sempre: JOÃO QUERIDO MANHA:
" A máquina da verdade
O BENFICA-PORTO não foi apenas um mau jogo de futebol. Foi um jogo atípico, sob diferentes ângulos de observação, mas o que mais terá impressionado quem a ele assistiu foi a total ausência de polémica, de dúvida, de injustiça, de sal e pimenta. No final, não fosse o contencioso portista contra o verbo, poderíamos ter assistido até a saudáveis manifestações de “fair play”, perante um resultado aceitável em função da atitude das equipas. Pelo menos quem esteve no Estádio da Luz terá pensado assim. Mas, em Portugal, há que manter sempre o pé atrás. Lembro-me muitas vezes daquele célebre Porto-Sporting de há duas épocas quando a comitiva leonina saiu das Antas vergada ao peso de uma derrota copiosa, mas indiscutível, que se transformou em pouca-vergonha mal os mesmos dirigentes puderam apreciar o detalhe dos lances através das “câmaras lentas” e dos planos aproximados da tv. Pois foi assim que me senti quando, para lá das duas da madrugada de domingo, na qualidade de um dos 327 portugueses que via o “Último Jornal” da RTP-1, tomei contacto com as “imagens virtuais” do golo olímpico de Clayton na Luz, negado por um voo acrobático de Carlos Bossio e pelo erro de paralaxe do jovem fiscal de linha Paulo Januário. Afinal, embora ao retardador, sempre haveria polémica! E demorei a adormecer com a incomodidade de saber a minha observação (profissional) traída, no estádio, pela distância a que me encontrava, pelo vidro embaciado da tribuna de Imprensa infestada de “penetras” barulhentos e fumadores e, sobretudo, pela total ausência de referências contrárias à boa qualidade do golpe de vista do fiscal de linha em questão. A crónica que os leitores leriam, daí a algumas horas, estava inquinada pela impossibilidade técnica de um jornalista que se preze poder usar, no momento, uma infalível máquina da verdade, como a das “imagens virtuais”. Ironia das ironias, a presença do tal árbitro auxiliar chegava para me tranquilizar quanto a lances deste tipo, ou não tivesse sido Paulo Januário o protagonista, quinze dias antes, daquele “coup d’oeil” fantástico que impedira a anotação de um golo ilegal ao FC Porto em Alvalade. Mais uma vez a máquina da RTP-1 adaptou ao sistema métrico, de forma fria e inexorável, os pequenos e inocentes lapsos “de jure” que no passado eram o condimento do futebol. Começamos a desconfiar de tudo e de todos e a pensar que talvez não tenha havido na história do futebol um jogo lícito e indiscutível. A descrença é o princípio do fim!" in jornal record


Na segunda-feira foi assim:
"No entanto, não tivesse Olegário sido acometido por um súbito ataque de cegueira e o Benfica teria conseguido pelo menos o empate."

"O que se passou na área do FC Porto é que ficou sem castigo: um "penalty" (pelo menos) e um golo que só ele e o assistente não viram."

Perante isto, I REST MY CASE!!!

Sem comentários: