terça-feira, 22 de junho de 2004

OS LAMBE BOTAS DA IMPRENSA ENOJAM-ME...

Ouvi hoje de tarde uma notícia que dizia que alguns jornalistas tinham chamado o Abominável Homem Gaúcho de parte e lhe tinham oferecido uma camisola da selecção assinada por eles, como gesto de agradecimento e admiração
Ora, pergunto eu, agradecimento porquê? Por ter andado a gozar com o País? Não me parece...
Interpretei este gesto mais como um repugnante pedido de desculpas. Afinal, esses patriotas (sim, porque nós que denunciámos a pouca vergonha que grassava pela selecção durante 18 meses, somos uns traidores) andaram a incentivá-lo só porque afrontou o Porto. Porque mesmo aqueles cérebros pequeninos sabiam que o trabalho dele era miserável. Mas isso não importava. O sentimento deles e afinal de todo o País não portista (mais uma vez, esses grandes patriotas!) estava espelhado no ridículo cartaz de Guimarães no jogo de preparação contra a Espanha e que a RTP orgulhosamente se fartou de filmar. Tal cartaz dizia algo do género: Obrigado Scolari, por meteres o Mourinho e o Pinto da Costa na ordem." O resultado foi 0-3, mas que importa? Afinal, meteu o Pinto da Costa na ordem e isso é que vale. Pelo menos tentou e isso foi requereu mais coragem do que aquela que eles alguma vez terão. Como lhes falta essa coragem, apoiaram incondicionalmente o homem. Em sintonia com esse adepto anónimo e seguramente com pelo menos 6 milhões de pessoas.
O problema foi o jogo contra os gregos. Num assomo, aí sim, de coragem, porque mesmo o lampião mais empedernido exigiu a presença do carrosel portista, esses jornalistas tiveram que escrever que, afinal se calhar ele não tinha raão em insistir com os velhos acabados...
Agora, não vá ele chatear-se, resolveram pedir desculpa e lamber as botas ao homem. Até porque assim pode ser que ele volte a tentar atacar o Porto e isso, como se provou durante 18 meses, é muito mais importante para Portugal do que as vitórias da selecção. Ao contrário do que nós, os traidores, que com 18 meses de antecedência antecipámos o que eles agora dizem, pensamos. O mais engraçado é que o mesmo país que inventou o sistema para denegrir as nossas vitórias, agora desespera para ver os nossos jogadores tentarem o milagre na selecção. Afinal, parece que esses jogadores sempre têm algum mérito e que o único defeito deles é só vestirem de verde e vermelho (ou encarnado, como os mouros gostam de dizer) só durante um mês...
E descobri agora também pela imprensa portuguesa e adeptos não portistas, que os árbitros afinal não se deixam pressionar e influenciar e que desculpas dessas (como as dos espanhóis) são ridículas e revelam medo e complexo de inferioridade. Curioso, lá ruiu assim numa assentada o sistema que vigorou no ano futebolístico transacto e que, a partir de finais de agosto vai, qual Fénix, renascer das cinzas...

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