A DEVIDA HOMENAGEM A UM SENHOR DO FUTEBOL

Jorge Perestrelo é dos poucos que merecem todos os elogios fúnebres que lhe têm feito.
Quem gosta de futebol, não pode deixar de admirar este ícone dos relatos radiofónicos.
Jorge Perestrelo maravilhou, anos a fio, uma multidão imensa de ouvintes com expressões tão suas como a célebre: "Comigo, ripa na rapaqueca!". Nenhum relatador conseguiu transmitir semelhante paixão pelo futebol em apenas 90 minutos de relato. Ele amava o futebol. E por isso tinha o desassombro de não ser politicamente correcto. Desfazia nos jogadores que tinha que desfazer, mesmo os amados pelos seus colegas de profissão. E o maior elogio que se lhe pode fazer é mesmo esse - destoava, e de que maneira, dos seus colegas. Jorge Perestrelo era, confirma-se agora, benfiquista. No entanto, nunca o deixou transparecer. As sua últimas palavras, enquanto relatador foram: "eu te amo, Sporting"!. Acompanhadas de lágrimas de felicidade. As mesmas lágrimas que lhe escorreram no rosto com todas as conquistas do Porto. Lágrimas sinceras. Um Senhor na isenção que se impõe a qualquer jornalista que se preze de o ser. Todos os colegas que lhe gabam esta faceta deviam corar de vergonha. Nunca hão de ser iguais a ti, Jorge Perestrelo. Os adeptos nunca te esquecerão. Futebol sem ti, é como gindungo sem sal.