segunda-feira, 23 de maio de 2005

OBRIGADO JOSÉ COUCEIRO

Agora que a época da vergonha acabou em beleza (mais um penalty à benfica, mais um clube a abrir o seu estádio aos adeptos adversários), queria deixar uma palavra de apreço a José Couceiro.
José Couceiro aceitou um enorme desafio. Pegar no destroçado campeão da europa, deixando um cargo tranquilo no Setúbal. Quando chegou, os índices de confiança estavam no mais baixo nível desde que me lembro e a equipa estava em quarto lugar. Ele não escolheu nem dispensou um único jogador do plantel.
3 meses e meio depois, a equipa sonhou até ao último minuto ganhar o campeonato. Voltou-se as vitórias em casa (o empate de ontem já nem contava para nada) e começou finalmente a ver-se algum bom futebol. José Couceiro teve ainda o mérito de recuperar Hélder Postiga e lançar o Ivanildo. Apostou também no Ibson. Com ele, acabaram-se chapadas e cotevaladas e os jogadores começaram a preocupar-se em jogar à bola.
Por tudo isto, acho extramamente injusto terem contratado um treinador nas suas costas, com a disputa do título ainda acesa. Oferecer-lhe um cargo de adjunto é não só injusto como achincalhante e de extremo mau gosto. Obviamente, teve a dignidade de recusar.
Não entendo como não lhe dão a oportunidade que deram ao Mourinho. Quando este pegou na equipa, ficámos em 3º lugar - e não estávamos tão destroçados como este ano. Couceiro podia e devia ser o treinador da próxima época.
E tudo isto para quê? Oxalá me engane, mas para se ir buscar a versão holandesa do Gigi... Um treinador com mais de cinquenta anos, do qual só agora se ouve falar - por ficar em 3º no campeonato e levar o Az Alkmaar às meias finais da Uefa.
Pensei que o Presidente poucas vezes se enganava e nunca duas vezes seguidas. Não quero ser agoirento, mas um treinador com este perfil, ainda por cima desconhecedor absoluto do futebol português e das suas idiossincrasias - leia-se sumaríssimos e árbitros sócios de clubes que lutam pelo título - só pode redundar em fracasso. Como digo, espero chegar ao fim da próxima época a bater-lhe palmas. Vou deixar o homem trabalhar sossegado, dando-lhe o benfício da dúvida, mas tenho o direito de duvidar, após o que se passou esta época.
Por agora, só me resta entrar em férias futebolísticas e dizer: obrigado e boa sorte, José Couceiro.

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