quarta-feira, 19 de janeiro de 2005

Aconteceu-lhe o mesmo que a mim...

ou seja, não viu o jogo de sábado, mas foi como se o tivesse visto.
O MST explica ontem no Avante Lampião, aquilo que já aflorei aqui.
Ei-lo:
"Graças a uma providencial ausência do País, livrei- me de ver no sábado mais uma desilusão portista.
À distância, segui o jogo por telefone e, pelos comentários então ouvidos e confirmados pelos jornais do dia seguinte, foi como se tivesse visto.
Percebi que o que o FC Porto de Fernandez fez em Coimbra foi mais do mesmo, isto é, nada, desesperadamente nada. Já nem me lembro bem do último jogo que o Porto ganhou, acho que foi uma miséria de uma sofrida vitória por 1-0 contra o Moreirense, no Dragão. Não me lembro de um só jogo, esta época, em que o Porto tenha ganho tranquilamente e em que os adeptos não tenham tido de sofrer até ao fim.
Todos os recordes negativos foram batidos: a pior pontuação dos últimos 20 anos, ao fim da primeira volta; a primeira vez, em 30 anos, com duas derrotas caseiras seguidas para o campeonato; a primeira vez em 20 anos que saiu da Taça à primeira eliminatória; a primeira vez, em não sei quantas décadas, que não conseguiu atingir a média de um golo marcado por jogo (26 golos em 27 jogos oficiais).
Enfim, não sei que mais recordes destes é que Fernandez ainda será capaz de conseguir. O treinador é bem-intencionado, é trabalhador, é um cavalheiro, diz coisas com lógica e senso comum e é até forçoso reconhecer que não tem sorte.
Mas há coisas de cuja responsabilidade é difícil isentá-lo. A primeira de todas é a imprevisibilidade do jogo da equipa: ao fim de cinco meses de trabalho não se percebe qual é o sentido, a lógica, a estratégia de jogo que pretende; não se sabe se o Porto joga em 4x3x3 ou em 4x4x2 ou ao deus-dará; não se percebe se prefere jogar com dois extremos, com um ou com nenhum; não se percebe se privilegia dois trincos ou só um; não se alcança que jogadas paradas estão ensaiadas e que rotinas de jogo existem. Não se compreende que seja quase banal a equipa sofrer um golo no primeiro remate que o adversário faz e, depois, excepção feita ao jogo com o Chelsea, nunca consiga virar o jogo, demonstrando uma impotência e uma falta de capacidade anímica que nunca antes moraram por aquelas bandas.
Também não é explicável que a equipa cometa tantas faltas e tantos jogadores levem amarelos por protestos.
Que Fernandez resista tanto tempo a deixar de fora jogadores em clara má forma — como era o caso do Derlei e vai sendo o do Costinha — e de repente, de uma só penada, meta três novos jogadores na equipa que mal conhecem os companheiros, como fez em Coimbra. Para além disso, eu, pessoalmente, não hei-de compreender nunca a dispensa do Rossato, em favor do Areias, que afinal não serve, e jamais me hei-de conformar com a leviana dispensa do Carlos Alberto. E, obviamente, só entendo por medo a atitude de deixar o Quaresma jogos a fio sentado no banco — ele que é o maior desequilibrador da equipa e tem resolvido tantos problemas a Fernandez—e que depois se vá ao Brasil buscar um tal de Cláudio Pitbull (assim mesmo, sem aspas nem nada). E não percebo, já agora, para quê começar uma limpeza aos brasileiros do balneário numa semana, para na semana seguinte regressar ao ciclo infernal da compra de brasileiros por atacado. Dá-me ideia, mas oxalá esteja enganado, de que o senhor Victor Fernandez está completamente à deriva. Não sabe o que fazer, não sabe mais o que experimentar, nem sequer tem ideia de qual seja o seu onze ideal, e, quanto ao futuro, não é capaz de prever minimamente o que vai acontecer daqui a três meses ou já no sábado, em Leiria. O que vier, virá.
"

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