O superlativo que faltava
JOSÈ MANUEL RIBEIRO
Ontem, o FC Porto deixou de ser candidato a campeão. Por amabilidade da Liga, passou a ser candidato a campeoníssimo. Campeões serão os outros, se ainda forem capazes. Mais do que as dez vitórias consecutivas do Sporting; mais do que o comportamento do Benfica contra Manchester e Liverpool, o que torna este eventual título do FC Porto superlativo é o sumaríssimo a Quaresma. O raide do Conselho Nacional Antidopagem na véspera do alegado jogo decisivo, numa coincidência que já vai em três em quatro repetições dignas de putos de oito anos, também o enobrece, sem dúvida, mas um campeonato sem actos arbitrários da Comissão Disciplinar não valeria o mesmo. Um campeonato sem sumaríssimos seria um campeonato sem sumo. Num país correcto, ou melhor, num país que não fosse tão indecente nalgumas partes (porque do resto eu gosto muito), a maioria dos jornalistas de opinião realmente preocupados insurgir-se-ia de imediato contra o critério descarado de um órgão composto por homens que, no emprego diurno, se presume serem tão honestos e isentos a julgar nos tribunais a vida e o destino das pessoas como são a decidir as corriqueirices do desporto. Hoje pode ser o clube de futebol que odiamos; amanhã seremos nós. Para felicidade do FC Porto e do seu modo de vida, é pouco provável que alguém, tirando os suspeitos habituais, veja na pisadela de Quaresma a Tonel um lance igual a dezenas dos que se viram em trinta jornadas quase limpas de sumaríssimos. Também é improvável que o grosso da Comunicação Social, o presidente da Liga ou a jurisprudência queiram saber da Comissão Disciplinar o porquê de serem estes e não outros, ou pelo menos cedam a perguntar-lhe onde estava no 25 de Abril: depois da farsa que foi o prolongamento do sumaríssimo a Petit até ser possível sarar o castigo num jogo da Taça, o céu passou a ser o limite. Respondem-me: mas a suspensão do Quaresma, nesta altura, não aquece nem arrefece; se calhar, até é bom para o FC Porto que ele descanse duas semanas. Está bem. Eu acho que os juízes da Comissão Disciplinar são arbitrários; longe de mim dizer também que são inteligentes.
4 comentários:
Como se fosse algo de surpreendente, pode ser que o Quaresma aprenda qualquer coisa, porque o lance foi desnecessário. Claro que concordo que os senhores acordaram agora e que a visão é mais apurada para equipamentos azuis ou contra encarnados. Mas, ou os clubes realmente fazem algo em relação a esta situação ou... não há pachorra. O Quaresma mereceu, do mal o menos.
É claro que o Quaresma não devia ter feito o que fez. E também já se sabia que tendo-o feito, sem que o àrbitro tenha tomado qualquer atitude, (não terá visto),era certo e sabido que a C.D. da Liga não ia deixar passar esta oportunidade de se mostrar atenta. Para dormir chega-lhe quando acontecem as celebres "petizadas".
E a atitude de imprensa perante a dualidade de acção desta Comissão, é tão indecente quanto a atitude da comissão que uma vezes age, noutras fica quietinha, e noutras ainda age mas tão propositadamente devagar para permitir que o castigo, se o houver, seja cumprido num jogo fácil. Eu não quereria que a imprensa viesse defender que o Quaresma não merece castigo, mas acho que seria de inteira justiça que viesse denunciar a incoerência desta comissão de juízes sem vergonha que actuam, não para fazer justiça, mas para proteger amigos e perseguir inimigos.
Saudações Portistas
Dragão Maronês
Já se estava à espera... a CDL só reage à cor das camisolas... mas pronto, já sabemos como é... também escrevi algo a esse propósito... Fiquem bem!
Lindo!
Enviar um comentário