Corar
JOSÉ MANUEL RIBEIRO
Benfiquização. Acto ou efeito da compra de um plantel novo todos os anos. É a doença que o FC Porto se prepara para contrair na variante crónica, caso faça o que os adeptos e a crítica exigem em maus momentos como este. Preocupante não é que o FC Porto tenha vendido e comprado muitos jogadores, preocupante não é sequer que seja goleado em casa por ter resolvido correr riscos sem meios para os pagar: preocupante é a possibilidade de acreditar tão pouco no que tem vindo a fazer ao ponto de admitir despejar tudo no lixo, dinheiro incluído, e repetir a cena na próxima época. Há meses, Victor Fernandez falou-me com entusiasmo do projecto de uma grande equipa construída à base de jogadores muito jovens que pudessem crescer com ela. A seguir, vieram mais alguns desses jogadores muito jovens - e Fernandez foi despedido. De certa forma, terá sido o primeiro assomo de benfiquização. Num dia temos um clube mentalizado para a formação de uma equipa nova e, supunha eu, para os sacrifícios que ela implica; no outro, uma chicotada psicológica porque o resultado de um jogo pareceu comprometer um campeonato. Um campeonato. Se a prioridade absoluta do FC Porto era o título, não devia ter contratado miúdos. Salvo a incompreensível saída de Pedro Mendes, o erro não foi destruir a equipa campeã europeia a troco de 17 milhões de contos, muito menos comprar substitutos bem mais baratos para os jogadores que saíram: o erro será desbaratar tudo outra vez. Mesmo o despedimento de Del Neri, comprometedor para o campeonato como foi, só se aceita por estar em causa um objectivo mais importante. A saída de Fernandez, nesse aspecto, é realmente uma contradição e um mau sinal, porque saiu o treinador que, apesar de tudo, mais participação teve na construção da nova equipa e entrou outro já carregado de legitimidade para deitar fora jogadores e pedir outros ao seu estilo. Juntemos-lhe as certezas absolutas que por aí abundam sobe o valor das contratações e temos montado o cenário para mais uma dezena de transferências. O verdadeiro motivo de censura ao FC Porto não é o que fez esta época: é o que talvez se esteja a preparar para fazer na que vem.
JOSÉ MANUEL RIBEIRO
Benfiquização. Acto ou efeito da compra de um plantel novo todos os anos. É a doença que o FC Porto se prepara para contrair na variante crónica, caso faça o que os adeptos e a crítica exigem em maus momentos como este. Preocupante não é que o FC Porto tenha vendido e comprado muitos jogadores, preocupante não é sequer que seja goleado em casa por ter resolvido correr riscos sem meios para os pagar: preocupante é a possibilidade de acreditar tão pouco no que tem vindo a fazer ao ponto de admitir despejar tudo no lixo, dinheiro incluído, e repetir a cena na próxima época. Há meses, Victor Fernandez falou-me com entusiasmo do projecto de uma grande equipa construída à base de jogadores muito jovens que pudessem crescer com ela. A seguir, vieram mais alguns desses jogadores muito jovens - e Fernandez foi despedido. De certa forma, terá sido o primeiro assomo de benfiquização. Num dia temos um clube mentalizado para a formação de uma equipa nova e, supunha eu, para os sacrifícios que ela implica; no outro, uma chicotada psicológica porque o resultado de um jogo pareceu comprometer um campeonato. Um campeonato. Se a prioridade absoluta do FC Porto era o título, não devia ter contratado miúdos. Salvo a incompreensível saída de Pedro Mendes, o erro não foi destruir a equipa campeã europeia a troco de 17 milhões de contos, muito menos comprar substitutos bem mais baratos para os jogadores que saíram: o erro será desbaratar tudo outra vez. Mesmo o despedimento de Del Neri, comprometedor para o campeonato como foi, só se aceita por estar em causa um objectivo mais importante. A saída de Fernandez, nesse aspecto, é realmente uma contradição e um mau sinal, porque saiu o treinador que, apesar de tudo, mais participação teve na construção da nova equipa e entrou outro já carregado de legitimidade para deitar fora jogadores e pedir outros ao seu estilo. Juntemos-lhe as certezas absolutas que por aí abundam sobe o valor das contratações e temos montado o cenário para mais uma dezena de transferências. O verdadeiro motivo de censura ao FC Porto não é o que fez esta época: é o que talvez se esteja a preparar para fazer na que vem.
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