A VELHA GUARDA
Tinham transcorrido 80 minutos de jogo e Pedro Emanuel continuava em campo a pé coxinho para dar tempo a que Pepe terminasse o aquecimento para o substituir, mas foi ainda ele que conseguiu tirar a bola de cima do risco de baliza e manter a esperança do FC Porto. Por isso, quando Pedro Emanuel deixou o terreno de jogo foi como se a equipa tivesse perdido o sopro de alma que a mantinha campeã europeia.
Imagens como a desse lance de Pedro Emanuel, ou as de Jorge Costa a empurrar a equipa para o ataque ou ainda as do choro de Costinha que publicamos na primeira página desta edição devem ser passadas no Centro de Treino de Vila Nova de Gaia. Tantas vezes quantas as necessárias até essa mensagem de entrega e coragem em favor da equipa ser integralmente assimilada por um naipe de jovens jogadores tão talentosos quanto indisponíveis para o sacrifício pessoal.
O FC Porto actual é uma equipa alheada de alguns princípios do jogo solidário e essa carência básica dificilmente poderá ser suprida com aulas em frente ao tabuleiro das tácticas. Simplesmente porque o desafio da solidariedade é uma questão mental. Que requer coragem e, por isso, exige convicção, para não dizer mesmo paixão. Todas estas coisas constituem uma espécie de tesouro, que a velha guarda costuma guardar ciosamente. E também transmitir aos que vão chegando.
Na voragem do mercado que esta época levou uma boa quinzena de jogadores e trouxe outros tantos, é provável que a velha guarda do FC Porto não tenha tido oportunidade para iniciar os novos. Como é provável que alguns dos novos tenham pensado que não necessitariam de ser iniciados. Como é provável que sobrem alguns que nunca conseguirão fazer o mínimo sacrifício em prol de todos.
Esta época o FC Porto já arrecadou o título mundial de clubes e permanece na luta pela revalidação da SuperLiga, mas manda a objectividade do que tem sido visto nos últimos tempos que não haja dúvidas sobre a necessidade de arrumar o balneário. -->
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