sexta-feira, 2 de setembro de 2005

Extractos da entrevista de Co Adriaanse a'O Jogo

Sobre McCarthy:
"P | McCarthy teve uma conversa consigo no princípio da época e disse-lhe que queria ir embora. Posteriormente, afirmou em vários jornais estrangeiros que queria deixar o FC Porto e ir para Inglaterra. No último dia das transferências, segundo os dirigentes do West Ham, ofereceram ao FC Porto 9 milhões de euros pelo futebolista. Vai ter uma conversa com o futebolista?
R | Eu não tenho que fazer nada. Ele assinou um contrato com o FC Porto e é um grande avançado. A única coisa que tem de fazer é trabalhar duro, como um profissional, e fazer, no mínimo, 15 golos.

P | Mas não acha que o jogador pode estar a passar um momento complicado, dado que a vontade dele era deixar o FC Porto?
R | Depositamos nele uma enorme confiança, fizemos muito por ele e não vou falar com ele sobre esse assunto. Se quiser ir jogar para Inglaterra vai ter de fazer 20 golos e o Arsenal ou o Manchester United virão buscá-lo. Acho que o Benni vai ter que falar com os pés e não com a boca. Não há mais conversas, não há mais agentes, tem de jogar e trabalhar para a equipa. No final da época podemos cumprimentar-nos, dizer-lhe que ele fez um óptimo trabalho e desejar-lhe boa sorte em Inglaterra, no Manchester United."


Sobre Quaresma:
"P | Tem no grupo alguns jogadores, aos quais se costuma chamar artistas, que muitas vezes se esquecem de jogar para equipa, como por exemplo Diego ou Quaresma. Acha que os vai fazer jogar para a "máquina azul"?
R | Diego é um jogador de equipa. Já Quaresma, isso sim, é um jogador mais individualista, muito bom jogador, mas ele tem de aprender os momentos em que tem de jogar de forma individual e aqueles em que tem de actuar para a equipa. É um diamante puro, que eu tenho de ensinar a jogar como um artista, mas para a equipa. Ao contrário do que se possa pensar, eu gosto de artistas. Gosto de pintura, gosto de música, gosto de Maradona. Bergkamp ou Zidane são artistas, mas jogam para a equipa. Ele tem talento e é por isso que nos treinos eu crio exercícios para ele aprender o que tem a fazer. A minha obrigação é ajudá-lo, bem como os meus assistentes, até porque ele tem uma mente aberta para aprender."


Sobre a juventude da equipa:
"P | Não teme que o facto de ter uma equipa com muitos jogadores novos possa ser um problema nos momentos de maior pressão?
R | Temos o Vítor com uma enorme experiência e temos também o Pedro Emanuel. Nunca se sabe. Conheço muitos jogadores que são novos, mas que jogam com grande maturidade. Penso que não é uma questão de experiência, mas sim de talento. E isso ou se tem ou não se tem. Vou-lhe dar um exemplo. No treino com o Paços de Ferreira jogou um jogador da equipa B, que ainda tem idade de júnior, chamado Hélder Barbosa. Jogou na segunda parte, como número 10, na posição do Diego. Ele é muito bom. Joga como um futebolista de 22-23 anos."


Sobre César Peixoto e os laterais esquerdos:
"P | Viu DVD's de cinco defesas esquerdos diferentes e mal viu o de Marek Cech ficou imediatamente com a certeza que era aquele que pretendia. O que é que o impressionou no internacional eslovaco?
R | Jogava no Sparta de Praga e eles têm uma capacidade muito grande para descobrir talentos. São muito organizados. No passado joguei contra eles, quando orientava o Willem, e conheço bem o Sparta. Escolhi Marek porque ele tem apenas 22 anos, uma margem de progressão muito grande, é inteligente, fala inglês e quando vi o DVD dele fiquei impressionado desde o primeiro minuto. Era o jogador que eu procurava. É rápido, ataca, defende e dribla. Gosto deste tipo de jogadores e não apenas daqueles que defendem. Para isso colocava Pedro Emanuel, Ricardo Costa ou Pepe. Acho que encontrar um defesa esquerdo no mercado é a tarefa mais complicada que há.

P | Isso significa que a opção de colocar César Peixoto como defesa esquerdo pode ser apenas temporária?
R| César Peixoto está a fazer um trabalho muito, muito bom. Jogou muito bem na Holanda, jogou muito bem contra o Estrela e ontem, contra o Paços de Ferreira, voltar a estar excelente, embora tenha jogado apenas 45 minutos por causa de uma eventual lesão. Disse-lhe para não se preocupar, que estava muito satisfeito com ele e que ele era o meu homem, era o meu defesa esquerdo se continuar a trabalhar como até aqui. Leandro está lesionado e Nuno Valente foi embora. Por outro lado, tinha de equilibrar o grupo, pois só havia três esquerdinos: Leandro, César Peixoto e Ivanildo. Marek pode jogar também no meio-campo, numa posição mais recuada. Por isso, tinha todas as condições: jovem, bom preço e talento. Vamos ver. Mas penso que tem todas as condições para jogar no FC Porto e nós temos muito para lhe ensinar."


Sobre as expectativas para esta época:
"P | Após duas jornadas e depois de já ter visto praticamente todas as equipas a jogar - Adriaanse só não viu qualquer jogo em tenha participado o Nacional -, a sua convicção de que o FC Porto vai ser campeão é mais forte?
R | Sem dúvida que a minha convicção de que o FC Porto vai ser campeão está mais forte. Sei, agora, melhor as possibilidades da minha equipa como sei a qualidade dos adversários. Claro que é necessário termos sorte no caso das lesões, dos golos que podem ou não entrar ou de uma ou outra decisão dos árbitros. Tivemos alguns momentos contra o espanhol e contra a Naval como eu quero. No futuro temos de pensar em jogar 90 minutos ao mesmo nível. Claro que é uma ilusão, porque nenhuma equipa consegue jogar bem durante 90 minutos. Isso seria o jogo perfeito e isso é impossível em futebol, pois é jogado com os pés e não com a cabeça."


Meus caros Dragões, cada vez mais me convenço que este é o homem certo no lugar certo. Poderá não ser tão bom no banco como Mourinho, mas como condutor de homens, psicólogo e gestor de recursos humanos, ele não lhe fica a dever nada. Leiam o resto n'O Jogo.

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