"Benni McCarthy veio para o FC Porto em definitivo há dois anos, a pedido insistente de Mourinho, que achava que ele era essencial, como se provou, para uma carreira europeia triunfante. Custou cerca deummilhão de contos, um investimento imenso para o FC Porto, na altura. Veio, obviamente, porque quis vir, porque melhorou a sua situação salarial e profissional.
NoFCPorto foi campeão de Portugal, da Europa e do mundo; se tivesse ficado no Celta deVigo teria provavelmente continuado a suplente e teria jogado a época que terminou na segunda divisão espanhola. Hoje estaria a chorar desesperadamente para que o Celta o deixasse vir para o FCPorto, evitando ter de continuar no limbo da segunda divisão de Espanha.
Aliás, há dois anos, tanto ele como o seu empresário, que agora reclamam o direito de deixar o FC Porto por qualquer preço, reclamavam o mesmodo Celta: que o deixasse vir para o Porto.
Manifestamente, Benni McCarthy e o seu empresário não parecem ligar grande importância aos contratos que assinam nem ter grande respeito pelos clubes que lhe pagam. No seu entender, não há nada mais normal emais justo que os clubes os libertarem quando eles querem, porque querem e pelo preço que querem, e não pelo das cláusulas de rescisão que assinaram. A estratégia é demasiadamente conhecida, não há clube que não tenha de a enfrentar, comumou outro jogador. E,manifestamente, só há uma forma de o fazer: é os clubes não cederem à chantagem dos empresários e jogadores, sob pena de os contratos de nada valerem e qualquer jogador aliciado directamente por outro clube aparecer ao clube que com ele tem contrato a dizer que se se sente mal, quer-se ir embora e que, se ficar, será contrariado e sem vontade de jogar.
Com a maior das naturalidades, noticia-se, por exemplo, que oBenfica «já tem tudo contratado, salários e prémios», como brasileiro Dedé, que, por azar, tem contrato válido com o Borussia Dortmund. Mas,como próprio Borussia, o Benfica não tem nada contratado, nem acordado, nem sequer falado - porque o Benfica está longe de querer e poder pagar o que os alemães pedem para deixar sair o Dedé. Então, recorre-se à estratégia alternativa, que consiste em aliciar primeiro o jogador e depois contar que ele faça a rábula de chegar ao pé dos dirigentes do Borussia e pedinchar que o vendam pelo preço que oBenfica quer, sob pena de ele permanecer «contrariado».Parece que há quem ache que esta «estratégia», a que oBenfica recorre bastas vezes, é muito «inteligente», como inteligente foi a forma como em tempos «sacou» o Paulo Madeira ao Belenenses ou como recentemente «sacou » dois juniores ao Salgueiros, aproveitando-se das dificuldades económicas do histórico clube do Porto, ao ponto de levar a direcção salgueirista a constatar em comunicado que «a grandeza dos clubes mede-se pelas atitudes que têm».
Gostaria de saber o que diria a direcção benfiquista, os seus adeptos e os seus promotores se um Borussia Dortmund ou um Chelsea ou um Real Madrid se lembrasse de atacar directamente o ManuelFernandes, dar-lhe a volta à cabeça— o que não seria difícil — e pô-lo a pedir publicamente à direcção benfiquista que «não lhe cortasse as pernas » e não o deixasse cá «contrariado »...
Uma coisa eu tenho a certeza: é que o Manuel Fernandes não encontraria, seguramente, um acolhimento da imprensa tão entusiástico para com as suas pretensões, quanto o que McCarthy e o seu empresário têm encontrado nas páginas de A BOLA. É verdadeiramente excepcional e nunca visto o esforço que aqui tem sido conduzido para dar eco e satisfazer a ambição de fuga de McCarthy—seja ela genuína ou induzida, como mais adiante melhor se verá.
Mesmo de um ponto de vista estritamente jornalístico, nãome lembro de alguma vez ter presenciado uma situação em que, no curto espaço de dez ou doze dias, o mesmo jornal «repete» seis ou sete vezes a mesma entrevista —em que o entrevistado, directamente ou através de um seu representante, se limita a dizer sempre a mesma coisa: «quero-me ir embora!»
Dá vontade de responder: «Já ouvimos, já sabemos! Se se quer ir embora, não é preciso estar a dizer todos os dias a mesma coisa. Ele que arranje quem pague os nove milhões de euros da cláusula de rescisão que quis assinar, e que se vá embora!»
Na edição de sexta-feira passada de ABOLA, julguei que se tinha enfim, chegado ao limite da insistência: pela quinta vez oMcCarthy «abria o coração» e o seu repetido apelo para que o deixem sair em saldos, merecia até honras de manchete de 1.ª página — um acontecimento tão raro neste jornal relativamente ao FC Porto, que nem quando ganharam a Taça Intercontinental em Tóquio o tinham conseguido...
A coisa tornou-se tão absurda e inédita para, julgo eu, o comum dos leitores, que no dia seguinte o director, Vítor Serpa, sentiu-se obrigado a justificar a insistência do jornal no assunto,mas em termos que, salvo melhor opinião, nada justificavam.
Tanto mais que ele próprio reconhecia que, neste caso, nenhuma razão assistia ao jogador.
É caso para pensar porquê que, reconhecendo- se que ele não tem razão, todos os dias se insiste em estender- lhe o microfone para ele repetir as suas razões.
E, quando se imaginaria que o editorial do director matara, enfim, tarde e a más horas, a Operação Sai McCarthy, eis que, logo na segunda- feira, a coisa retoma o seu caminho, com nova entrevista «McCarthy abre o seu coração», ocupando quatro páginas do jornal — a totalidade do espaço reservado a notícias sobre o FCPorto, não sobrando uma linha que fosse para mais nada!
Ora, francamente, que comentário se pode fazer a isto?
Já percebemos que, aqui em A BOLA se quer desesperadamente que o McCarthy se vá embora do Porto. Não é o Postiga, nem o Hugo Almeida, nem o Sokota: é oMcCarthy.
Mas deverá ele sair só porque alguém na «Bola» quer que ele saia e não se calará enquanto o F.C.Porto não o mandar embora?
E não acharão que a coisa já começa a parecer mal? Se juntarmos a esta insistência na saída do McCarthy, o desejomal escondido de igualmente ver o Liedson fora do Sporting, o que julgam que ficarão a pensar os leitores mais atentos? A quem é que a saída do Liedson e doMcCarthy daria imenso jeito?"
Pois bem, concordando com o que disse o MST, também não posso deixar de dizer que por mim, este ingrato só sairia com o pagamento da cláusula de rescisão. Se tal não acontecer, era po-lo a treinar sozinho todos os dias às 7 da manhã para ele ver o que é comer o pão que o Diabo amassou.
Um jogador que foi recuperado pelo Mágico Porto. Um jogador que levou a um grande esforço por parte do nosso clube para contrata-lo.
Não podemos esquecer as saídas dele no ano em que fomos Campeões da Europa e que levou a uma repreensão por parte do treinador a quem ele diz que deve um agradecimento, José Mourinho.
Os tais dirigentes que o trataram mal, segundo ele, nessa altura e durante todo este ano, que apresentaram recursos para ele poder jogar, à conta das cotoveladas que insistentemente dava.
Agora pensa que é o Rei. Diz que não quer ficar e que é dono do seu nariz.
A SAD, cedendo no caso deste ingrato, fica sem qualquer margem de manobra, à semalhança do que diz MST, para impedir a saída de qualquer jogador que se apresente assim.
Pinto da Costa disse que "casos Doriva" nunca mais. Pois está na hora destes milionariozinhos aprenderem que não é só assinarem contratos e ganharem milhões e depois desrespeitarem-nos quando não lhes interessa.
Espero que ele não fique, mas só se pagarem os 9 milhões de Euros. A assim não acontecer, é encosta-lo na prateleira, para não pensarem que isto vive sem Rei nem Rock.
Disse...
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