No jornal "O Jogo"
"A final
Estamos a um passo de escrever uma história linda e digna de espanto para o mundo: Portugal ser em simultâneo campeão europeu de clubes e de selecções! A Grécia já deu uma ajuda quando nos ganhou e pôs em causa dois anos de selecção, Karagounis deu outra ajudinha ao apanhar o amarelo que o afasta do jogo. Só falta ganhar um jogo! E aos nossos amigos gregos!
Sem responsabilidades mas com crença, sem jogadores cobiçados pelos poderosos da Europa, sem um crucial Karagounis mas com Zagorakis e Basinas, sem o velho Tsartas a descansar no banco mas com o campeão alemão Charisteas, sem o favoritismo do jogo mas com o reforço moral de em cinco meses terem jogado com Portugal duas vezes em território inimigo e nunca terem perdido.
Obviamente Portugal aparece como enorme favorito, e se não quisermos fazer essa avaliação pela qualidade futebolística pura, avançamos para o facto de sempre que uma selecção jogou uma final de um Euro em casa ganhou, ou se formos às famosas casas de apostas londrinas, quem apostar na Grécia e ganhar ficará milionário enquanto que uma aposta em Portugal valerá uns míseros pounds.
Não há volta a dar, somos favoritos, superfavoritos e temos que ganhar, e os jogadores têm que aceitar essa pressão e transformá-la em motivação e sentido de responsabilidade.
No Porto fizemos uma Liga dos Campeões fantástica mas quando chegámos à final e estávamos sem o Real Madrid, o Milão ou o Manchester, como a Selecção está sem a Itália, a França ou a Inglaterra, e nos apareceu o Mónaco como à equipa nacional vai aparecer a Grécia, só fazia sentido ganhar, e se não o fizéssemos tudo o que tínhamos feito perdia significado. Os jogadores são quase os mesmos e gostam de viver com a pressão de ser os melhores, a eles juntam-se fantásticas personalidades competitivas como Figo, Ronaldo, Miguel e outros, por isso repito, não há volta a dar: é ganhar e nada mais.
Se posso ajudar, eu disse antes de entrarmos em campo em Gelsenkirchen: "Nunca mais esqueceremos este dia, seja pela negativa ou pela positiva. Vamos ser velhos e as imagens e os sentimentos deste dia nunca mais nos sairão da cabeça. É melhor ser velho e chorar de alegria com a recordação deste dia do que ser velho e chorar de tristeza com a porra da derrota. Vão lá para dentro e tragam a taça." Eles trouxeram mesmo! "
E este comentário que concordo em absoluto de Zé Mourinho e que faz todo o sentido:
Por favor
"Se Portugal for campeão!... por favor... bandeiras portuguesas! Estamos a falar de um país, de um país que conquista de forma esmagadora a Europa do futebol, de um pais que vê a sua auto-estima saltar, de um país onde jovens das mais diferentes áreas sociais e profissionais podem sentir o que eu senti há uns anos, e o que muitos jogadores desta geração sentem quando decidem partir deliberadamente em busca do sucesso: os portugueses são bons, iguais ou melhores que os melhores e podem, podem tudo, mesmo tudo.
Somos um país orgulhoso, com uma selecção de portugueses, com um brilhante jogador nascido no Brasil que aceitou naturalizar-se português e lutar por Portugal, com um seleccionador e seus colaboradores brasileiros, obviamente orgulhosamente brasileiros, que aceitaram defender Portugal como óptimos profissionais. Mas... se Portugal for campeão, por favor... não misturem as bandeiras!
Ainda não vi Otto Rehhagel a desfilar com a bandeira alemã! "
Sem comentários:
Enviar um comentário