"Um detalhe no grande panorama das coisas: os internacionais portugueses do FC Porto chegaram, nos últimos dois anos, a todas as finais possíveis. Deco, Maniche, Costinha, Ricardo Carvalho, Nuno Valente e Paulo Ferreira somam a quinta final consecutiva, fora três supertaças. Para sorte deles, já não sabem o que é ser eliminado. Em dois anos, fizeram todos os jogos que podiam ter feito. Não deixaram que lhes roubassem nada. Mourinho terá tudo a ver com o assunto; Scolari reivindicará a sua percentagem - ou muita gente o fará por ele - e é muito possível que este Europeu fique erradamente na história como o triunfo da geração de ouro, mas aqueles seis jogadores são o único ponto comum a todos os episódios da saga. Como recusar-lhes o papel principal? A história deles é maior do que a dos colegas. Ultrapassaram tudo o que alguma equipa portuguesa jamais foi capaz de fazer e há pouquíssimos exemplos internacionais de percursos como o deles. Portugal pode tornar-se apenas no segundo país a somar o Europeu de selecções ao Europeu de clubes. Virá este fenómeno algum dia a ser consensual? Com certeza. Agora somos finalmente consensuais e lúcidos. Li ontem que, enviada para a reforma a geração dourada, dificilmente Portugal se apurará para o próximo campeonato do Mundo. Ronaldo, Deco, Maniche, Costinha, Ricardo Carvalho, Nuno Valente, Miguel, Jorge Andrade, Paulo Ferreira, Petit, Tiago, Nuno Gomes, Postiga, Simão e outros que hão-de vir não dão garantias. É uma ideia extraordinária que nunca me tinha ocorrido, apesar da minha tendência natural para contestar a selecção. Não percebo como me falhou o brilho do ouro nesta aventura do Euro'2004, mas admito que estivesse distraído. Houve tantos outros méritos que me passaram despercebidos neste campeonato da Europa..."
Sem comentários:
Enviar um comentário