sexta-feira, 12 de março de 2004

Nada mais correcto...

Hoje li o Jorge Maia no Jogo e este tirou-me as palavras da boca...
Por isso passo a transcrever o seu comentário...
"Questão de Escala
O FC Porto foi ontem à Suíça entregar a Taça UEFA à... UEFA. Pelos vistos, a taça é deles - embora não conste que sejam grande coisa a jogar à bola - e eles quiseram-na de volta. Para o FC Porto, como para outras equipas que já venceram a prova, ficou uma réplica com quatro-quintos do tamanho original. Pode soar a pouco mas quatro-quintos parece-me uma medida justa para as memórias. O passado é importante, não o discuto, até para sabermos quem somos, mas não deve ser considerado em tamanho real. O passado do FC Porto, por exemplo, está cheio - a abarrotar - de boas memórias: a Taça dos Campeões europeus conquistada em Viena, a Taça Intercontinental arrebatada em Tóquio, a Supertaça Europeia ganha ao Ajax, a Taça UEFA vencida em Sevilha. São grandes momentos e grandes memórias. Mas, certamente mais importantes do que as memórias de Viena, de Tóquio ou de Sevilha é o presente do FC Porto, a forma como a equipa se projecta, ampliada, no futuro. Não deixa de ser significativo que a devolução da Taça UEFA aos burocratas de Nyon aconteça na mesma semana em que o FC Porto eliminou o Manchester United da Liga dos Campeões, assegurando presença nos quartos-de-final da liga milionária.
Os portistas podiam estar muito confortavelmente sentados no sofá, em frente ao televisor, com o comando à distância na mão a ver e rever o golo de prata que Derlei marcou em Sevilha até ao limite da náusea. E podiam até largar uma lágrima de saudade entre duas repetições. E podiam trocar palmadinhas nas costas uns dos outros, recordando dias melhores de um passado mais ou menos desfocado e mítico. Podiam fazê-lo se tivessem tempo. Mas não têm. A equipa não lhes dá sossego. Hoje mesmo estão mais interessados em saber qual será o próximo adversário na Liga dos Campeões do que em recordar Sevilha. Porque o passado é uma miniatura à escala de quatro-quintos e o futuro não tem tamanho.
"

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