quinta-feira, 10 de fevereiro de 2005

JORGE MAIA, N' O JOGO

"Comichão Disciplinar
JORGE MAIA


A Comichão, perdão, a Comissão Disciplinar da Liga não dá descanso. É uma daquelas comichões, perdão, comissões que simplesmente não se podem coçar. Irritam, perturbam, desconcertam mas não se podem coçar como não se coça a sarna ou uma micose simplesmente porque coçá-las só serve para deixá-las mais irritadas.

Ora, a última erupção cutânea provocada pela Comissão Disciplinar da Liga tem como alvo Seitaridis. O grego chegou esta temporada ao futebol português, tinha visto um total de quatro cartões amarelos até à 20ª jornada, não tinha registo de qualquer episódio de violência, mas, mesmo sem antecedente que justificassem a alegação de ser reincidente, viu serem-lhe propostos dois jogos de suspensão pelo lance em que atingiu na face o franco-argelino Fellahi. Mesmo sem recordar que os ex-árbitros do Tribunal d'O JOGO consideraram o lance casual, é quase impossível esquecer que se trata de um lance muito parecido com aquele em que Rochemback atingiu André Barreto, do Boavista, e que não justificou qualquer processo sumaríssimo por parte da Comichão, perdão, Comissão Disciplinar. Mas, mais do que as comparações sempre injustas com os jogadores de outros clubes muito mais respeitáveis que o FC Porto, é curioso verificar como os critérios da CD variam mesmo de jogador portista para jogador portista. Luís Fabiano acertou com uma cotovelada em Renato e foi castigado com um jogo de suspensão; Seitaridis, na discussão de um lance com Fellahi, atingiu-o na face e é castigado com dois jogos de suspensão. Talvez a meia de leite estivesse azeda, talvez Júpiter estivesse na sétima casa, talvez o clube certo tivesse o resultado errado no fim-de-semana anterior, talvez nem tudo corra bem lá por casa, quem sabe? Quem pode saber o que faz variar a boa disposição de um juiz?

Há um pequeno triunfo terrorista da CD a assinalar em relação ao caso de Seitaridis: o FC Porto considera a hipótese de não recorrer do castigo proposto porque acredita que isso serviria apenas para que o processo se prolongasse o suficiente para afastar o jogador do encontro com o Benfica. A justiça também funciona assim em alguns regimes da América do Sul e de África, zonas do planeta onde as Comichões são endémicas.

Tudo muda:
Rotação forçada


Mesmo que não consiga afastar Seitaridis do jogo entre o FC Porto e o Benfica, a Comissão Disciplinar pode mesmo assim reclamar uma pequena vitória nesta saga dos sumaríssimos ao garantir que, pelo menos até ao clássico, José Couceiro não vai conseguir fixar um "onze". Vale tudo para desequilibrar uma SuperLiga tão equilibrada como esta...

Quanto mais batem...


"O departamento jurídico do clube já apresentou recurso. O Conselho de Justiça é formado por magistrados altamente considerados. Vamos aguardar. O que digo é que quanto mais problemas nos forem colocados mais unidos estaremos e mais obstinados em vencer"

Pinto da Costa, presidente do FC Porto"

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