"Há escolhas muito complicadas. Percebi-o desde muito cedo. Tinha uns cinco ou seis anos quando fui confrontado pela primeira vez com aquele clássico da imbecilidade: "Então de quem gostas mais, da mãe ou do pai?". Em retrospectiva, acho que essa foi a primeira vez em que tive a noção exacta da importância da diplomacia para evolução e harmonia da espécie humana. Uma pergunta idiota merecia uma resposta idiota - do género "e se fosses fazer perguntas ao raio q..." - , mas contive-me e optei pelo previsível: "Dos dois". Foi uma festa. "É tão esperto!" exclamou o inquiridor. "É tão estúpido!" pensei eu. Era como se me tivessem pedido para escolher entre o olho direito ou o esquerdo, entre um pulmão ou o outro. "Então, qual preferes?". Prefiro os dois, idiota!
Ora, se há escolhas que simplesmente não se fazem, há outras que são inevitáveis. Co Adriaanse tem dois grandes guarda-redes no plantel mas apenas um vai poder jogar. Baía ou Helton? Bem, Helton é um excelente guarda-redes. Seguro entre os postes, ágil nas saídas, rápido na reposição da bola em jogo - uma característica importante para a eficácia do sistema de Adriaanse - e um excelente intérprete de cavaquinho. Baía, por seu lado, é um guarda-redes excelente. Foi considerado o melhor da última época, é um gigante na baliza, tem a confiança dos companheiros que actuam à sua frente e a devoção dos adeptos. Para o desempate, talvez seja decisiva a influência de Baía no balneário, especialmente numa altura em que Jorge Costa, outra referência da equipa, vai jogando com menos frequência. Ou talvez não. Baía ou Helton? Eu diria "os dois", mas Co Adriaanse vai mesmo ter que escolher. "
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