domingo, 13 de julho de 2008

"Conveniência" por CARLOS ALBERTO FERNANDES

In "o jogo"

"Há, infelizmente, um limite para a afirmação de convicções no futebol. Válidas apenas enquanto não ameaçam comprometer o equilíbrio de interesses de quem as veicula. Ao longo da última temporada, uma das guerras mais acesas entre dirigentes de clubes teve como antagonistas os presidentes do Benfica e do Vitória de Guimarães, agudizando-se logo após o jogo entre os dois emblemas na Cidade-Berço. Na altura, apesar do triunfo merecido e incontestado dos encarnados, Luís Filipe Vieira insurgiu-se contra a arbitragem de João Ferreira, afirmou existir viciação de resultados e acabaria por envolver o Vitória de Guimarães - apontando o percurso do irmão do líder vimaranense na Comissão de Arbitragem.

O Benfica discutia então, com o rival minhoto, um dos lugares de acesso à Liga dos Campeões, pelo que a argumentação visava denunciar, uma vez mais, a teia de interesses, o tráfico de influências, nos bastidores do futebol.

Ironia do destino: o Guimarães e o Benfica vêem surgir a oportunidade de acederem (um de forma directa, o outro através da pré-eliminatória) à Liga dos Campeões. Abriu-se o espaço e a conveniência de uma defesa conjunta. O clube da Luz, que veiculara a convicção de um benefício desportivo à margem dos regulamentos, preferiu prescindir dessa estratégia (chamemos-lhe assim) e aliar-se ao clube que acusou para tornar mais consistentes e homogéneas as exposições jurídicas na UEFA com vista ao afastamento do FC Porto da Liga dos Campeões.

"O que hoje é verdade, amanhã é mentira." É a demonstração da validade da expressão de Pimenta Machado. Uma vez que o Campeonato chegara ao fim, o Vitória de Guimarães é mais útil como aliado do que como inimigo, pelo que a peleja deixou de interessar, e a convicção não poderia ser tão sólida assim.

A boa relação entre os dois clubes promete, aliás, frutificar. Está iminente a transferência (regresso) de Nuno Assis para a Cidade-Berço. Mas cristaliza-se a ideia da falta de decência dos dirigentes. Haveria que esclarecer se o presidente do Benfica se equivocou, ou se o líder vimaranense admitiu o seu erro. Sucede que isso deixou de ter qualquer importância. É apenas mais uma mancha."

1 comentário:

Anónimo disse...

E os de Guimarães ainda hoje esperam empréstimos do nosso clube. É preciso ter cara de pau...