segunda-feira, 23 de outubro de 2006

Perspectivas

Quase um mês depois, eis-me regressado às lidas bloguistas e logo para comentar os dois últimos encontros do nosso Porto.
Ao contrário do que muitos escreveram ou disseram não achei «quase perfeita» a exibição portista contra o Hamburgo. Apesar do resultado desnivelado e da satisfação pela vitória alcançada, a equipa continuou a denunciar algumas fragilidades e uma estranha inconsistência em campo que precisam de ser rapidamente minoradas para não termos que engolir sapos. O desnível do resultado teve, quanto a mim, mais a ver com um conjunto de circunstâncias favoráveis do que com o primor da exibição, muito diferente, por exemplo, da goleada por igual score que alcançámos frente à Lázio, onde, mesmo tendo sofrido um golo, se adivinhava a cavalgada sensacional que se veio a verificar.
No jogo com o Hamburgo, se o árbitro tem validado o golo perfeitamente legal dos alemães e se o avançado germânico não tem metido infantilmente a mão à bola no fim do primeiro tempo, não sei como teria sido a segunda parte...
No meu modesto entender, há coisas que não estão a carburar, não sei se por deficiência táctica, se por por problemas de outra índole, mas o que é um facto é que o motor não engrena com a facilidade desejada e que é perfeitamente possível. Parece-me que o "busílis" está ainda na organização do meio-campo. O Paulo Anunciação está menos certo do que no ano passado, parecendo um pouco à deriva com o que agora lhe é pedido e está muito mais faltoso, como se viu ontem no jogo com o Sporting; o Lucho está a milhas do jogador influente, dinâmico e catalizador da época passada («qué passa, comandante?»); a subida de forma do Quaresma é intermitente como são intermitentes as prestações do Postiga e do Lisandro. Quero, no entanto, penitenciar-me quanto ao desempenho do Helder que eu previa negativo e se tem revelado promissor. Mas eu sublinho promissor, porque lhe ponho ainda muitas reservas, dado ser extraordinariamente trapalhão e jogar pouco de cabeça levantada, o que prejudica muitas vezes a equipa em situações de grande área. Quanto a mim,porém, a maior dificuldade está na engrenagem e articulação do meio-campo.
Relativamente ao encontro com os lagartos numa coisa estou de acordo com Jesualdo: «o resultado foi melhor do que a exibição». Valeu-nos a colaboração prestimosa do Ricardo, porque em jogos em que o nosso Baía esteja presente (nem precisa de jogar!!!) o Ricardo tem sempre que mostrar que no Montijo é que está o melhor guarda-redes português! Mas foi o que nos valeu, dizia eu. Não que o resultado tenha sido injusto nem é para os lagartos fazerem o estardalhaço que estão a fazer. No entanto, pergunto dado que são coisas que me confrangem: como é possível sofrer bolos como o de ontem ou o segundo do Braga? No de ontem o jogador fica sozinho em frente do guarda-redes após a marcação de um canto! Como é possível, Senhor Jesualdo? No de Braga, a linha média estende uma passadeira para o defesa adversário poder visar a baliza! Como é possivel, Senhor Jesualdo?
Nunca gostei do Co Adriaanse, mas depois do encontro com o Amadora, não me lembro do nosso Porto dar destas abébias. E há erros de marcação que são notórios. Pode ser que esteja a ver mal, mas continuo a pensar que o Raúl Meireles não é um trinco ( por que não experimentar o Bosingwa nessa posição? era capaz de não ser má ideia; é alto, é rápido e não chuta pior do que o Raúl!).Julgo,contudo, que o ascendente do Sporting no meio campo se deveu à falta de protagonismo do Lucho,dado que o Jorginho até nem jogou mal de todo. É uma pena no corpo a corpo perder muitas vezes, mas com o Lucho a jogar como na época passada, a prestação defensiva e ofensiva da nossa equipa teria sido bem diferente.
Sei que o que vou dizer não merce a concordância de grande número dos frequentadores deste blog, mas sinceramente acho que até agora o nosso Porto tem vivido mais da intermitente capacidade de alguns dos jogadores do que da qualidade da equipa como conjunto. E isso é sempre muito perigoso.

1 comentário:

Anónimo disse...

O segundo golo do Braga foi da responsabilidade do Quaresma, que perdeu a bola no meio campo e DESISTIU da jogada. Se fosse atrás do Luis Filipe, provavelmente não ocorria golo. No jogo do Sporting foi óbvio o erro de marcação. Como o Lucho não está em forma seria preferível jogar com o Paulo Assunção como médio à frente da defesa.