Woody Allen costuma dizer que não só Deus não existe como também é quase impossível arranjar um canalizador ao fim-de-semana.
No futebol, onde por definição não há insubstituíveis e até estão previstas três substituições por jogo, a mitologia é uma coisa particularmente transitória e os deuses de hoje pela manhã são os falsos ídolos de mais logo à tardinha.
Ainda assim, há mitos que perduram. Vítor Baía, por exemplo, é um caso raro de longevidade no Olimpo do futebol, apesar da intifada que lhe foi movida por meia-dúzia de infiéis. Quase 20 anos ao mais alto nível e uma lista de títulos que não cabe aqui e não se repete em nenhum outro currículo são mais do que o suficiente para o colocar acima dos comuns mortais.
É claro que, de vez em quando, aparece um mortal incomum, capaz de escalar o Olimpo pelos seus próprios meios. Helton é um desses mortais. O brasileiro chegou ao FC Porto devagar, sem se colocar em bicos de pés e deixou que o trabalho falasse por si. Não chegou à titularidade por decreto, não lhe tiraram os obstáculos do caminho, conquistou tudo sozinho, inclusivamente a crítica.
Hoje, defende sem contestação a baliza do FC Porto, a mesma que desabou sobre inúmeros antecessores à mínima referência ao nome de Vítor Baía.
E é por isso que a viagem de ontem para o Kuwait, onde se vai juntar à selecção brasileira, promete ser a primeira de muitas. Porque se Helton é titular numa equipa onde Baía é opção, pode ser titular em qualquer equipa. E isso é mais do que muitos podem dizer.
Mais do mesmo:
"Vou com a vontade de mostrar o meu trabalho e fazer o mesmo que tenho feito no FC Porto: dar o máximo e ser recompensado"
Helton
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