segunda-feira, 26 de junho de 2006

Simplesmente sublime!!!

Redenção

JOSÉ MANUEL RIBEIRO IN "O Jogo"

Guus Hiddink não venceu dez jogos consecutivos em fases finais do campeonato do Mundo. Mas ganhou cinco e empatou dois sem Ronaldinhos, Rivaldos, Ronaldos, Kakás, Robertos Carlos, Decos, Figos, Cristianos Ronaldos, Maniches ou Ricardos Carvalhos. Na vez deles, dispôs de atletas coreanos e australianos em circunstâncias muito favoráveis: alguns sabiam jogar à bola quando lá chegou. Também não foi campeão do Mundo. Mas jogou duas meias-finais seguidas, primeiro dirigindo a Holanda e depois a Coreia do Sul. Escusam de ranger dentes por causa dos lapsos de arbitragem no Mundial'2002. Não interessa. Transformar a Coreia numa equipa que os árbitros conseguem ajudar é uma proeza e, para além disso, sei de alguns seleccionadores campeões do Mundo que encontraram igual simpatia entre os homens do apito na redentora caminhada de dez jogos consecutivos sempre a vencer.

Na aventura australiana, Hiddink foi menos profissional. Durante a qualificação, ninguém o viu na piscina do condomínio privado todas as tardes reflectindo na melhor combinação de jogadores ou estudando as protuberâncias dos adversários na sauna. Ao invés, treinou a equipa por correspondência e matou o tempo levando o PSV Eindhoven a outro título holandês, o sexto da sua lavra. À federação australiana não concedeu sequer uns minutos extra de anúncios televisivos para ajudar a pagar os selos. Em contrapartida, fez-lhes o pequeno favor de qualificar a selecção para o segundo Mundial da história, multiplicou por quatro os pontos feitos no anterior e está nos oitavos, os terceiros do seu currículo pessoal.

Porém, se me perguntarem o que mais me impressiona em Hiddink, descarto isto tudo e recupero dos arquivos uma conferência de Imprensa em que participei no relvado do estádio de Incheon, em 2002. Durante quarenta minutos, Hiddink deu respostas em holandês, inglês, alemão, francês, espanhol, italiano e até tentou um português abrasileirado de qualidade não muito inferior à de um certo seleccionador tão bom, tão bom que não precisou de saber mais do que metade de um só vocabulário para chegar onde chegou. Hiddink não terá tantos recursos, mas a um fulano como ele perdoa-se tudo. Outros nem ganhando quarenta jogos seguidos no campeonato do Mundo.

12 comentários:

Anónimo disse...

Concordo com algumas, poucas coisas, mas daí a dizer que levou a Coreia do Sul às meias-finais descartando ou fechando os olhos ao "levar ao colo" por parte da FIFA, valha-me Deus. Por muito bom que seja o treinador Gus Hiddinck foi isso que aconteceu. Veja-se o jogo com a Itália (que detesto) e depois com a Espanha, que inclusivé marcou dois golos e foram anulados. Bolas, isto não foi nada.

Agora teve o castigo: Perdeu com a Itália (que odeio) através de um golo fantasma, ao que dizem, e mesmo antes de terminar os descontos. Será castigo Divino ou apito espanhol? Deve doer muito perder assim. Pessoalmente preferia que os Italianos perdessem, fosse com quem fosse, mas limpinho, sem batotice. Mas a verdade é que a equipa Australiana mais parecia uma equipa de raguebi adaptada ao futebol, do jeito como uma selecção de hóquei e patins americana que veio ao campeonato do mundo a pensar que era hóquei no gelo (aliás eram ex-jogadores de hóquei no gelo). E a Coreia tresandava a doses maciças de Ginseng e outras porcarias que eles tomam para dar força. Não gozem.

Ser poliglota? E depois? O Rei de Espanha também o é e fala sempre em espanhol. Quem quiser que traduza. É uma questão de identidade. O ser poliglota e responder em diversas líguas também pode ser entendido como sinal de vaidade.

Por muito que custe dizer e a aceitar as decisões do pistoleiro do pantanal, principalmente no que respeita ao nosso clube, a verdade é que a equipa que ele escolheu está nos quartos de final. Como já todos vimos, é a ex-equipa base do FCPorto campeão europeu. Não podemos fazer nada, pois é ele que manda e decide. Comentários ao jogo de ontem? Não há? Pessoalmente acho o artigo infeliz e a comparação não muito famosa, uma vez que esse seleccionador chegou a uma meia-final do mundial levado ao colo - assim como o Brasil o foi na primeira fase desse mundial. Em termos de actuações em selecções fala-se do roto e do descosido, embora um deles tenha ganho o campeonato do mundo. Claro que era o Brasil e ninguém discute a grande probabilidade de o Brasil ser campeão do mundo com qualquer seleccionador, é um facto.

Sinceramente, ontem o que custou mais foi ver a agressão ao Cristiano Ronaldo, punida com um cartão amarelo e que o arrumou do jogo. Mesmo assim, ele tentou jogar durante 30 minutos e até ajudou a construir o golo. Mas acabou por sair. E quando estava no banco, chorava de raiva por não continuar a jogar. São jogadores assim que admiro. Por muito que custe, tem de se admitir que o Figo afinal não anda ali pelos caídos. Tem é de se lamentar um árbitro daqueles e a frustração de nada se poder fazer. É um pouco o feitiço virado contra o feiticeiro, pois nesta situação o pistoleiro vê o que é apenas se poder dar a opinião e nada mais.

topas disse...

Talvez o futuro nos faça repensar...

http://maistopas.blogspot.com/

Anónimo disse...

Preso por ter cão e preso por não ter: critica-se o Futre por falar espanhol quando está em Espanha. E como o Futre, outros (Vitor Baía incluido). Mas com o Scolari, a coisa é diferente. Com um bocado de sorte, até devia saber Coreano, para responder às perguntas do inteligentíssimo Zé Manel Ribeiro. A sublimidade deste artigo está precisamente no seu próprio ridículo, traduzível por isto: "já não tenho factos e argumentos para pegar com e criticar o Scolari, tenho que arranjar alguma coisa, senão ainda me empalam".
Comparar os gamanços que favoreceram a Coreia com quaisquer outros é patético e roça o patológico. Ah, e se perguntarmos ao Zé Manel Ribeiro "o que mais te impressiona em Hiddink?", escusa de escrever um parágrafo tão parvo como o último. Basta dizer só que o que o impressiona é o título europeu que Hiddink ganhou em 1987. Aí sim será um homem com opinião e ninguém o vai achar um ressabiado ridículo.
Pedro Sena.

Anónimo disse...

Mais uma achega: querem ler um artigo sério sobre o Hiddink? Vão a www.maisfutebol.iol.pt.

O Dragao disse...

ó anónimo, para caso não saibas este artigo foi escrito no sábado, ok. Antes do jogo contra a Holanda.
Caí por terra toda a tua argumentação...

Anónimo disse...

Cai por terra? Porquê? O Zé Manel Ribeiro mudou de opinião sobre o Scolari depois desse jogo?
Pedro Sena
(esqueci-me de assinar o post das 12.10)

Francisco disse...

Ó senhor anonymous, por que o incomoda tanto os artigos do José Manuel Ribeiro? É por pôr a nu a hipocrisia e o destrambelhamento dos serventuários que pululam em reverências e bajulação aos poderes da capital (clubísticos, federativos, judiciários etc. etc.? Se é por isso, estamos conversados. Quanto ao resto, senhor anonymous, oxalá me engane, mas sábado conversamos. Mas não se incomode, para compensar a azia, anunciam-se contentores de reforços para o seu clube de eleição. Não há fome (de títulos) que não dê fartura de vedetas prontinhas a chegar.

Francisco disse...

Essa do José Manuel Ribeiro ser um « ressabiado ridículo » tem montes de graça. É curioso que no meu entender, modesto com certeza se comparado com o do Pedro Sena, trata-se de um dos mais cultos e argutos comentaristas de desporto em Portugal, incómodo por certo para a oligarquia dirigente mas extremamente perspicaz. É óbvio que para os Josés Senas do burgo os sábios devem ser os Tonis, os Diamantinos e quejandos que nos têm brindado com comentários de verdadeira antologia. E avinhados para terem mais sabor.As anónimas "cenas» do Sena de tão néscias metem pena.

Anónimo disse...

Azulão então e a minha Argentina?


FUERÇA ARGENTINA CAMPEÓN!

Pinto Azul

Pavão disse...

E o treinador holandês não ganhou nenhum titulo em 1987, esse foi português e chamava-se Artur Jorge. Tinha antes ganho dois titulos nacionais com o FC Porto e ainda haveria de ganhar mais alguns no FC Porto e no PSG. Pelo caminho ainda teve tempo para desfazer o plantel dos lampiões, o que só lhe ficou bem!

O sr. Hiddynk de facto ganhou e muito bem um titulo, mas foi em 1988! E já agora, a armada holandesa com o tridente Gullit-Van Basten-Rijkard não esteve no outro titulo de 1990 do grande AC Milan? Quando me lembro desses pormenores, até gosto dos holandeses...

lucho disse...

Artur Jorge, um dragão de ouro q ficou na história do fcporto!

site do lucho:
http://sergiopmgomes.blogspot.com/

Pavão disse...

É o editor para o FC Porto do jornal "O Jogo", escreve o editorial do FC Porto lá quase todos os dias.