sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Pavão. A vitória mais triste do FC Porto

Hoje, o iOnline dedica uma reportagem a Fernando Pascoal das Neves, mais conhecido como PAVÃO, pseudónimo pelo qual assino as minhas crónicas, exactamente em sua homenagem.



Confesso que nunca o vi jogar, pois ele faleceu em campo, no estádio das Antas, faz hoje 38 anos, a 16 de Dezembro de 1973, ao minuto 13 da jornada 13 do campeonato contra o Vitória de Setúbal, após um passe "à Pavão" a desmarcar Oliveira.

De Pavão, nos seus curtos 26 anos de idade (nascido em 1947), tinha eu pouco mais de 1 ano quando ele faleceu, só poucas imagens de TV vi. Mas ouvi o meu pai e os meus tios, todos sócios do FC Porto hoje em dia há mais de 60 anos, falarem maravilhas. Foi, talvez, um dos melhores jogadores portugueses que pisaram o relvado das Antas, assim me dizem, um médio tecnicista, com uma visão de jogo fantástica. E morrer em campo, com a camisola do Dragão ao peito, na flor da idade, transformou-o numa lenda, para sempre na memória colectiva da nação portista. Para mais, Pavão era um portista de verdade: tendo podido optar pelos lampiões para jogar, preferiu o nosso FC Porto ainda aos 18 anos, em 1965, estreando-se precisamente contra os lampiões numa vitória por 2-0, numa altura em que o clube atravessava uma das mais longas travessias sem ganhar que há memória, problema que só se resolveu 5 anos após a morte dele, em 1978 - e daí para cá, a história foi outra, como sabemos.

Fica o texto de homenagem ao Pavão:

"Fernando Pascoal das Neves. Mais conhecido por Pavão, pela maneira de correr com os braços abertos.
A alcunha cola-se-lhe aos três anos de idade, em 1950, quando mora nas Casas dos Montes, um bairro social de Chaves, e o sr. Júlio, então chefe dos bombeiros daquela cidade, o vê dar pontapés na bola para cima e para baixo naquela rua principal. “Mais pareces um pavão!” O desabafo transforma-se em alcunha que o acompanhará para sempre. Seja como empregado de comércio, jogador de andebol de sete e voleibol nas equipas da Mocidade Portuguesa ou... no futebol de onze.
Faz-se jogador no Chaves, descoberto por António Feliciano, uma das Torres de Belém na década 40. Na altura de dar o salto, aos 16 anos de idade, vai treinar ao Benfica mas prefere o FC Porto e é aí que Pavão se impõe como médio tecnicista, lançado pelo brasileiro Flávio Costa. Desde a sensacional estreia oficial com o Benfica em Setembro de 1965 (2-0 nas Antas), em que marca exemplarmente o capitão Coluna, não só nunca mais sai da equipa como ainda cresce na selecção nacional, de júnior para promessa e daí para sénior, com seis internacionalizações.
Ao serviço do FC Porto, levanta uma Taça de Portugal-1968. Muitas outras se poderiam seguir, mas uma fatalidade atravessa-se no caminho de Pavão. No domingo, 16 de Dezembro de 1973, ao 13º minuto de um FC Porto-Vitória de Setúbal para a 13ª jornada do campeonato, Pavão cai sozinho no relvado depois de desmarcar Oliveira. O médico assiste-o no campo mas não lhe devolve a vida. Aos 26 anos, Pavão desaparece do futebol, da maneira mais ingrata e inglória (com a sua mulher a assistir nas Antas). O seu nome, esse, será para sempre recordado. O i faz-lhe aqui a devida homenagem."


E um obrigado ao iOnline por este pedaço de história. O Fernando, nas bancadas do estádio lá de cima, assiste orgulhoso, com certeza, a esta homenagem.

2 comentários:

Anónimo disse...

O Doping matou-o.

Vítor Cruz disse...

Nunca foi devidamente esclarecida a origem do acidente tornando-se por isso ridícula a alusão ao doping.
Como antigo amigo e colega de equipa, e colega de quarto no "lar" do jogador do F.C.P.,tenho as maiores dúvidas que com o seu consentimento o "Fernando" alguma vez ingerisse substâncias dopantes sobretudo porque ele era mais do que qualquer um de nós um atleta robusto de enorme capacidade física com um enorme "pulmão", ou seja uma enorme capacidade cardiotorácica e cardiovascular.
Muito menos creio que o tivesse feito num banal jogo de campeonato frente ao Vitória de Setúbal. Dias antes da morte, no final de um treino que a minha equipa da altura (S.C. Salgueiros)acabava de fazer nas Antas, dizia-me entusiasmado que já tinha acordo estabelecido com o Manchester para a época seguinte e convidou-me para inauguração do seu "pub" no Porto.
Nunca cheguei a conhecer o estabelecimento nem tal seria relevante... relevante era eu ter perdido um amigo. O trágico acontecimento, impediu a nação e o mundo de conhecer através do futebol inglês, nos anos seguintes, um dos que foi sem duvida dos melhores futebolistas portugueses de sempre...