quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Inconsequente e ingénuo...

Para que não digam que sou eu, ficam as palavras d'O Jogo e do Público.

N'O Jogo:
"O FC Porto perdeu pela primeira vez no Dragão para a Liga dos Campeões desde 2005, deixou-se ultrapassar pelo Dínamo de Kiev no segundo lugar do grupo B e ficou numa posição delicada na luta pelo apuramento para a próxima fase da prova. Um balanço desastroso de uma noite calamitosa que marca a viragem da primeira para a segunda volta da fase de grupos da Champions, sendo que esta reserva duas deslocações - a Istambul e a Kiev - bem como a recepção ao aparentemente imparável Arsenal, que ontem atropelou o Fenerbahçe.

No Dragão, em compensação, não se pode falar propriamente de atropelamento, mas o facto é que a vitória do Dínamo de Kiev não deixa de ser acidental. Acontece que os ucranianos vieram ao Dragão para empatar, tal como tinham feito nos primeiros dois jogos. A vitória, arrancada com um livre fulminante de Aliyev, aos 27', foi uma espécie de bónus acidental e, por isso mesmo, festejado efusivamente no final do encontro. Antes e depois desse acidente, o Dínamo de Kiev limitou-se a um meticuloso trabalho de demolição que foi deixando o FC Porto imóvel, amarrado, cada vez mais soterrado nos escombros do seu futebol labiríntico.

Deixando apenas Bangoura no ataque, Yuriy Semin montou uma equipa de tracção atrás, com o quarteto defensivo reforçado por dois trincos e três médios com instruções claras para nunca ultrapassarem a linha da bola. Um esquema de contenção, que amarrou o 4x3x3 portista como um colete-de-forças, impedindo-lhe os movimentos até o tornar inofensivo.

Sempre em inferioridade numérica, os avançados do FC Porto foram esbarrando de frente contra a barreira defensiva dos ucranianos até se tornar evidente que eram incapazes de criar lances de perigo. E o jogo estava assim, amarrado no domínio consentido e inconsequente do FC Porto quando o Dínamo de Kiev marcou.

O golo não mudou nada no jogo, porque Jesualdo Ferreira esperou até ao intervalo para mexer na equipa. Depois, percebeu a inconsequência de manter um trinco e tirou Fernando para acrescentar Hulk ao ataque. Lisandro juntou-se a Rodríguez e Mariano na tentativa, sem sucesso, de encontrar caminhos por entre a floresta de ucranianos que Semin plantou à frente da área. Depois, trocou Mariano por Tarik e, finalmente, Rodríguez por Tomás Costa, mas o jogo não mudou de figura. Do outro lado, Semin trocava Bangoura por Milevskiy, mais lento, mas com uma superior capacidade de retenção da bola, o que permitia ao Dínamo respirar e aliviar a pressão dos portistas. Que em boa verdade, nunca foi verdadeiramente insuportável. E o jogo foi-se esgotando assim, inconsequente.
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No Público:
"Três anos depois, o FC Porto voltou a perder (0-1) na Liga dos Campeões em jogos disputados no seu estádio. Se há 22 jogos atrás tinham sido os eslovacos do Artmedia a aproveitar a ingenuidade da equipa treinada por Co Adriaanse, agora foi a vez de os ucranianos do Dínamo de Kiev saírem com os três pontos no bolso, que lhes permitiram saltar para a frente dos portistas na classificação.

Para isso, bastou-lhes fazer um jogo mediano, sem grandes exaltações, mas concentrado. E, principalmente, saber aguentar mais de uma hora em vantagem no marcador, situação garantida em resultado da tardia reacção do guarda-redes Nuno a um livre de Aliyev, que fez a bola seguir aos zigue-zagues. No fim, os adeptos portistas despediram-se dos seus jogadores com uma enorme assobiadela. Tinham razão por reclamarem de um (mau) espectáculo que, ainda por cima, já tinham visto.

Após o terramoto de Londres e a vitória em Alvalade que valeu o regresso à liderança na Liga portuguesa, o Estádio do Dragão apresentou-se pouco acolhedor. Pouco mais de meia casa (32.209 espectadores) e a chuva gélida pareciam antecipar o regresso às noites fantasmagóricas. E assim foi, com o FC Porto a revelar-se (ou a confirmar-se?) uma equipa excessivamente burocrata, sem capacidade, energia e principalmente ideias para reagir à adversidade.

Olha-se para o FC Porto e percebe-se-lhe a organização, a forma compacta como defende (ontem, nem sempre assim foi) e uma abordagem ao jogo bem definida, que reflecte trabalho. Mas é como um disco riscado que entoa sempre a mesma estrofe. Quando, como neste jogo, o gás de Lucho dura apenas breves minutos, não há mais ninguém capaz de surpreender com um solo ou uma nota que não esteja na pauta distribuída por Jesualdo Ferreira, que fez o que tinha a fazer na segunda parte, mas nada pode fazer quando a matéria-prima ainda está em estado demasiado bruto.

É também o custo de ter que vender no final de cada época os principais desequilibradores, substituídos por jovens promessas que ainda têm muito caminho a palmilhar. Esta equipa não é só diferente das do passado recente. É também menos capaz. Pelo menos como produto de exportação. Aguardemos a sua capacidade de resposta em Kiev, dentro de 15 dias.

Tomás Costa no banco

Mariano González na ala direita foi a meia-surpresa guardada por Jesualdo Ferreira, que preferiu a versão mais pura do 4x3x3 em vez da repetição do papel duplo de Tomás Costa, menos rodado em jogos deste cariz. Mas González ficou-se por dois ou três números nos minutos iniciais e rapidamente voltou a ser o jogador que leva ao desespero as bancadas.

Do outro lado, Rodriguez começa a dar razão aos que dizem que não teria lugar no actual Benfica, onde brilhou no tempo das vacas magras. Tudo somado fez com que o FC Porto andasse 45 minutos a picar pedra de uma forma desmembrada, excepção feita a dois lances em que houve notícia da sociedade Lucho/Lisandro, com o primeiro a atirar ao poste logo aos 12 minutos.

Do outro lado, apresentou-se uma equipa que é agora uma espécie de “sociedade das nações” e que já não tem a classe dos tempos de Mikhailichenko, Blokhin ou Rebrov, quando só alguma infelicidade a impediu de travar a caminhada europeia vitoriosa do FC Porto. Mas o russo Yuri Semin tem algo do mítico Lobanovskyi. A equipa apresentou-se num bem distribuído 4x2x3x1, em que Vukojevic deu razão aos que lhe chamam de Gattuso ucraniano. Procurou sempre entorpecer o jogo e o FC Porto não resistiu ao mimetismo.

A anunciada dupla atacante do Dínamo ficou-se apenas pelo "sprinter" Bangoura, enquanto a vedeta Milevski (vem de uma lesão) ficou a aguardar no banco. Nas costas do avançado da Guiné-Conacri surgiu o igualmente jovem Aliyev, que joga com o oito, mas é um verdadeiro dez de uma equipa que gosta de trocar a bola e que pouco pressiona em terrenos avançados. Seria ele a marcar o golo, aos 27’, mas foi também ele que coordenou sempre a manobra ofensiva, isto enquanto os ucranianos acharam que era tempo de jogar, antes de baixarem ainda mais as linhas e ficarem lá atrás na expectativa.

Na segunda parte, Jesualdo Ferreira foi tirando as peças com defeito (Rodriguez, Mariano...) e metendo a artilharia toda, alargando a frente de ataque para quatro homens, apoiados de perto pelo nada influente Lucho. Hulk mostrou então poder de fogo, mas também ânsia e egoísmo em demasia. O FC Porto aumentou finalmente a intensidade de jogo, carregou, mas quase só visava a baliza de meia-distância, mostrando uma confrangedora incapacidade de penetrar na área. É o que acontece às equipas burocratas e que acordam tarde.
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Conclusão: ficou mais uma provado que a SAD e o Treinador, para cada boa época de preparação, deixa umas poucas mal organizadas e preparadas, com contratações desajustadas e mal estudadas, com apostas erradas e deixando buracos na equipa. O que me leva novamente à teoria que o excelente tem acontecido por acaso e o mediano por os outros serem ainda piores... O que é facto é que a defesa não foi certinha, o meio campo não foi criativo a atacar e o ataque não foi eficaz - mais um jogo em branco... E o banho de tactica que levou do treinador dos ucranianos foi apenas mais um no curso de treinador que está a tirar com o alto patrocinio da SAD do FC Porto... A má gestão de jogadores está a estragar o que mais potencial tem de evoluir - Hulk, ansioso e a demonstrar egoismo próprio de quem tem poucos minutos para mostrar potencial - e do que tem mais potencial actualmente - Rodriguez, a quem é pedido que seja o alimentador do ataque quase em exclusivo.

Poderei estar enganado, mas o FC Porto está a jogar no sistema errado para os jogadores que sairam da época passada e que entraram este ano. Devia estar em 4-4-2 e não em 4-3-3, pois a saída do Paulo Assunção não é devidamente colmatada pelo Fernando e o jogador de maior potencial está no banco tapado por um Lisandro que se tarda em afirmar este ano. Para além disso, creio que quer o Mariano, quer o Rodriguez rendam mais num esquema de partir do meio campo para a frente e das alas para o meio, tipico de um 4-4-2, do que como extremos puros que, em particular o Mariano, não é.

Por isso este desanimo. Por não ver rasgo na direcção técnica e só ver rasgo de cheques a comprar 20 a 30% de plateis todos os anos na direcção administrativa. E quando os jogadores não tem no campo o rasgo necessário para suprir essas deficiencias, acontece o que ontem se passou no Dragão...

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