A FALTA DE PETRÓLEO E A FALTA DE VERGONHA

O último mês foi pródigo em acontecimentos importantes para a época desportiva em curso. Começou-se com uma reviravolta nas exibições e resultados, prevendo-se, erradamente, que ia começar a cavalgada para o penta. Até porque, em sentido inverso, os sarracenos davam mostras de começarem a vacilar. Chegados à véspera do clássico, estávamos com a moral em cima e sem lesões e os infiéis apresentavam um panorama diametralmente oposto. Bastaria uma vitória para o rumo do campeonato mudar significativamente. Todavia, sucedeu o previsto, mal se soube o onze inicial portista. De novo e sem surpresas, Jesualdo Ferreira demonstrava à saciedade toda a sua incompetência alicerçada no enorme medo que sente cada vez que vai jogar um jogo importante. O resultado foi o que teve que ser, punindo-se, uma e outra vez, a forma absurda e cobarde com que este treinador aborda este tipo de jogos.
Fruto da derrota e da péssima exibição e também da forma programada e ardilosa com que os sarracenos usam todo o tipo de expedientes para acabar connosco, alguns jogadores colocam-se a jeito para não jogarem mais esta época (com sorte). Os avantes preparam o terreno para em vez de dois, ser meia equipa a ser castigada, com direito a entrevista do Pavão Aflautado que, entre outras coisas, diz que o Porto até é o menos castigado pela CD. Só um imbecil não consegue ver que, brevemente, estaremos de facto privados de alguns jogadores nucleares para o resto da época.
Perante tudo isto - incompetência do treinador, jogadores castigados, concertação dos avantes - o que fazem Pinto da Costa e a SAD? Nada. Ou melhor, piadinhas sem graça acerca das compras dos adversários. Nem uma palavra para defesa dos jogadores. Nem uma palavra acerca do terrorismo exercido no túnel mouro. Nada de nada. Nem sequer uma única contratação para prevenir os castigos pesados que estão à porta.
A única defesa efectiva em nome do Clube é feita por Miguel Sousa Tavares e Rui Moreira, dois grandes portistas que fogem a sete pés do rebanho de carneiros em que se parece ter tornado a anteriormente crítica e exigente massa adepta. Aliás, a SAD portista dá-se ao trabalho de, no site oficial, em vez de tomar uma posição de defesa dos interesses do Clube, atacar sem pejo estas vozes incómodas.
Veja-se, a propósito de mais um roubo de igreja na Taça da Liga, o que disse Rui Alves, presidente do Nacional da Madeira: "Neste jogo, o Benfica ficou com a receita, com a arbitragem e com a vitória. Quando assim é, está tudo bem". Mais contundentemente: "O Estádio da Luz está a ficar particularmente ligado a autênticas vergonhas, quer no campo, quer no túnel de acesso os balneários". Isto é o que o nosso Presidente deveria ter dito na hora. Não piadinhas acerca da falta de petróleo. É caso para dizer que no Porto, nem petróleo, nem vergonha, nem competência. E brevemente, nem títulos.