Palermismo!

Tenho um amigo aqui em Angola que chama ao paludismo de “palermismo”! O que eu desconhecia é que o “palermismo” está já fortemente disseminado em Portugal, no geral, e na SAD do FC Porto, em particular.

Vender hoje o Anderson por 30 milhões foi como vender há 4 anos o Cristiano Ronaldo por 7,5 milhões: é saldo, é oferta! É erro, é “palermismo”.

Anderson ainda pouco deu ao FC Porto. Graças às entradas simpáticas de uns gregos iluminados esteve 1/3 do seu contrato afastado da equipa principal. Graças a um treinador holandês que sofria de “palermismo” agudo passou no banco outro terço do seu contrato. Ficou, por isso, estes meses finais e os primeiros da época até à lesão. Muito pouco mas mais do que suficiente para nós vermos o grande jogador que estava ali e que no final da próxima época poderia valer o dobro.

E uma equipa ainda orfã do mágico Deco e a convalescer de outro ataque de “palermismo” do treinador holandês sobre as qualidades e mais valias do hoje melhor jogador do campeonato da Alemanha, Diego, deixar sair o Anderson é um erro crasso, daqueles que valem campeonatos num final de uma época.

Se eu já estava pessimista e muito reservado sobre a nossa equipa e as nossas possibilidades na próxima época, conforme aqui deixei plasmado há uns dias atrás, agora que o nosso n.º 10 se foi, estou ainda mais preocupado. Até porque a primeira contratação oficial foi mais uma prova de que o “palermismo” está muito activo na SAD do FC Porto: Lino, um quase trintão que passou ao lado de todos os comentadores, jornais, treinadores e adeptos do futebol até agora, parece que é a resposta para o corredor esquerdo manco com o Mareque… Meus caros amigos, se o Lino continuar a ser jogador do plantel do FC Porto no dia 1 de Fevereiro de 2008 fico muito surpreendido… Este é mais um Ezequias, só que mais velho… E entretanto, o Antunes, que defendi aqui como uma boa contratação, já está na Selecção do brasileiro e neste momento deve valer o dobro do que valia no dia em que eu disse aqui que deveríamos contrata-lo!

Portanto, tempos difíceis batem à nossa porta. Um plantel desequilibrado, que perde o verdadeiro “capitão” e líder para outras funções (espero que dentro da estrutura do futebol profissional) e que perde o organizador e pensador de jogo ofensivo, deixa-me mesmo muito, muito, muito preocupado!

Que ao menos os 30 milhões fossem utilizados para reforçar e restruturar efectivamente o plantel… ou que abatam a dívida de mais de 130 milhões que a SAD tem, o que é vergonhoso! Mas com o “palermismo” que parece grassar a SAD do FC Porto começo a ter sérias dúvidas que sirva para qualquer um destes dois propósitos… E que sirvam para manter o Pepe e o Quaresma, já que a jóia da coroa já se foi!

Estou triste por ver partir Anderson. Fico sempre triste por ver partir grandes jogadores, como fiquei com o Diego, o Deco, o Madjer ou o Futre, por exemplo. Mas desta vez, isto parece só uma amostra, um período experimental, só tivemos direito a olhar para o bolo mas não tivemos direito a provar o bolo!

Ao nosso pequeno mágico, toda a sorte do mundo na sua carreira (com excepção dos momentos em que nos defrontar) e obrigado pelos breves momentos em que partilhou comigo e com todos os adeptos e associados do FC Porto a magia do futebol que só os grandes jogadores são capazes de produzir. Que nunca sofras deste “palermismo”, é o que te posso mais sinceramente desejar!