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Apesar de afastado destas lides há bastante tempo, por falta de tempo e de vontade de escrever na silly season, não podia deixar passar a obrigação de aqui prestar uma singela homenagem a um Senhor.
Como todos infelizmente sabemos, fomos confrontados hoje com a morte de Sir Bobby Robson, fatalidade que se adivinhava há bastante tempo, em virtude da grave doença de que padecia. Apesar da inevitabilidade, o mundo do futebol recebeu com pesar esta notícia, como fica bem evidente pelos testemunhos já prestados por diversas personalidades.
Como adepto, recordo um cavalheiro, personalidade ímpar no futebol mundial e especialmente nacional. Apenas uma vez na sua brilhante carreira foi despedido, facto esse que agradecem os portistas, pois foi assim que veio treinar o Futebol Clube do Porto. Dessa época recordo como fomos buscar o título, precisamente em Alvalade, depois de uma vitória com golo de Domingos. Sir Bobby não era homem de vinganças, nem de insultos. A resposta ao despedimento foi assim dada com luva branca.
Pelo que rezam as crónicas, foi o único que não se atirou ao árbitro depois do célebre jogo da mão de Deus. Quando toda a comitiva se insurgia contra o fatal erro de arbitragem, Sir Bobby Robson, com toda a calma e fineza, aceitava que o árbitro pura e simplesmente não tivesse visto. Esta postura, tida durante toda a sua vida de homem de desporto foi precisamente o que lhe granjeou admiração unânime. O facto de ser grande treinador quase que passava despercebido. Essa sua faceta de gentleman e de homem calmo permitiu-lhe lutar com um sorriso nos lábios com o maior inimigo da sua vida - o cancro. Por quatro vezes lutou e venceu. Da 1ª vez, durante quase uma época, ficou impedido de se sentar no nosso banco, substituído por Inácio. E, contudo,esteve sempre presente. Pelo meio criou uma fundação para apoiar a luta contra a doença que lhe havia de tirar a vida. Hoje, 31 de Julho, o futebol ficou muito mais pobre e o mundo também. Sir Bobby Robson, os adeptos do Porto nunca te esquecerão.